quarta-feira, 14 de junho de 2017

39. SONETO DA DESPEDIDA

Foi brusco o nosso amor, e não me arrependo,

vigiei lamparinas, noites quentes a fio,

afoguei-me, incendiando meu navio,

náufrago de amor, e por amor morrendo.


Não terá fim esse amor de velho louco,

esquecido farol de uma ilha solitária,

onde se morre todo dia, em luta diária,

cada dia de mar perdido, sangrando um pouco.


Não será muito sentir no peito a maré,

pulsando algas, o sal me corroendo a fé,

se adormeço no profundo sono dos mortos.


E reviver o passado desse amor vivo, 

na alva rede do mar, do amor que me privo,

é como estar vivo em cemitério de portos.

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