domingo, 18 de junho de 2017

41. CAVALEIRO FERIDO

Perdoa, se matei o teu ginete alado,

na exaustão da rocha, no ferir da espora

cega, pestilento cão anunciando o caipora.

Perdoa rápido, que passarei cansado.


Não olha para a serra, no cume adensado

onde vou desaparecer ferido por agora,

entoando os cânticos da derradeira hora.

Ouve apenas, com o coração trespassado.


Se com o tempo minha presença de vapor

diluir-se nas manhãs de luz, fímbria e ardor,

lembra o canto, sina do cavaleiro morto


que deitou tantas árvores pelas raízes,

soçobrou paineiras, afugentou perdizes,

e assim tombou flechado por um anjo torto.






Nenhum comentário:

Postar um comentário