quinta-feira, 22 de junho de 2017

45. BACCHANALE

Morrer só, contando a moeda-miséria

tudo o que sobrará no final da festa,

como o que falta sem saber que resta.

Morrer é só, infecção diária, bactéria.


Deitar sujo em chão de mijos e bostas,

sentindo no pulso a obstruída artéria,

amante carnal da noite venérea,

corpo decepado em pútridas postas.


E resta no meu fétido final

solitário telhado de pedra e cal

onde meus ossos se dissolverão.


Morrerei só, como o jaguar final,

derradeiro da espécime fatal

de morte ferido em agreste sertão.


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