domingo, 18 de junho de 2017

40. VERÃO

Morre-se em decúbito, e sangrando o dorso,

onde o punho faz tinir chibatadas puídas,

sal branco por sobre a roxidão das feridas,

para calar o choro do meu navio corso.


Morre-se sem chão, com o lacerado torso

exposto ao bico das aves espavoridas;

sem razão morro, sob árvores parricidas

que me deitam no corpo folhas de remorso.


Viúvo de mim mesmo, espero rubras flores 

que adornam jazigos e lágrimas sem cores,

curvas pontilhadas de cruzes nos caminhos.


Contarei o tempo no silício das chapadas 

que incendeiam troncos e víboras tresmalhadas

quebram no meio a espiral dos redemoinhos.



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