sábado, 24 de junho de 2017

46. BUNKER

Alguém pode querer gritar ao lado

de mim, ferido e sem ninguém.

Que alguém pode assim ferir-se também

ao lado seu mais do que ao meu aberto lado.


Pois que chorar possa, não importa quem,

sob o seu flanco ferido e manchado.

Chore agora em soluço abafado,

ou alto grite, por por algo ou por alguém.


Não choro eu. A minha dor aqui não cabe

e ninguém da ferida minha sabe,

mais que aberta em corte mais que profundo.


Porquanto posso, mesmo que ferido,

esquecer da ferida, adormecido,

homorrágico a tudo, a mim e ao mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário