quinta-feira, 29 de junho de 2017

48. CEMITÉRIO DOS ANJOS

Eu me estranho ante o espelho quebrado,

mil faces retratam um espinheiro

do tucum; e da urtiga meu braseiro,

onde sinto o corpo em asas mutilado.


Insone, espero a luz do candelabro,

que orienta meu caminho indecifrável,

um tanto sangue, um tanto rosa afável,

na pedra rija do aluvião que lavro.


Eu me estranho diante do mundo triste,

onde pássaros morrem nas vidraças

e o homem fatigado não resiste.


Prefiro o ginete azul das desgraças,

o esgar da boca, o cutelo em riste,

o insano tropel das alvas carcaças.

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