quinta-feira, 22 de junho de 2017

43.CAIS

Esperar o mar não é como uma espera

qualquer. O cais se avizinha no instante

azul, o barco imita o choro infante

onde em pó a luz do cais se desfizera.


O mar é tudo. Ânsia que desespera

alma presa no porto mais distante,

sol de gaivotas tristes no semblante,

mortalha da morte que não nos dera.


Espero. Ainda que à hora de partir

ninguém que espere por mim possa vir

em aceno de madrugada irreal.


Pois basta que eu não sinta o coração 

no peito oculto ao descanso da mão:

o mar lava a alma na insânia do sal.




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