A outra metade está no secreto
interior de calda alma desterrada.
Entre nós há um muro de concreto
que faz do medo a língua mais falada.
Nascemos aborto, inconcluso feto,
contração da carne chorando o nada,
nu menino, sem mãe, sem pão e sem teto,
cavando a terra, órfão de foice e enxada.
A face roída por um inseto
é o ventre aberto da mulher cansada,
o espasmo cru do coração inquieto.
Varíola dos anos, rede rasgada
onde o filho do filho fabrica o neto
e meu ciclo se fecha sem estrada.
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