Esperar o mar não é como uma espera
qualquer. O cais se avizinha no instante
azul, o barco imita o choro infante
onde em pó a luz do cais se desfizera.
O mar é tudo. Ânsia que desespera
alma presa no porto mais distante,
sol de gaivotas tristes no semblante,
mortalha da morte que não nos dera.
Espero. Ainda que à hora de partir
ninguém que espere por mim possa vir
em aceno de madrugada irreal.
Pois basta que eu não sinta o coração
no peito oculto ao descanso da mão:
o mar lava a alma na insânia do sal.
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