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Eu nasci numa casa de tristonhos corredores
onde o eco da voz me fazia sentir mais sozinho;
sem jogos de criança, no beiral, havia um ninho,
e, na frente da casa alada, jardins sem flores.
E aprendi brincar comigo mesmo, sem muitas dores,
falando a língua do silêncio na taça de vinho,
com olhos de fogo no escuro, chorando baixinho,
e o lampejo de morte nesse chão de horrores.
Não lembro do desespero febril das andorinhas
em trajetórias sem sentido, no céu sujo de cobre,
e meu pensamento camuflado de penas órfãs.
Não guardei lembranças de tantas mortes vizinhas
no miasma de ossos dentro do baú, sujo e pobre,
que herdo, mudo, no inventário de palavras anciãs.
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