sexta-feira, 31 de março de 2017

21. VELHICE

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Eu nasci numa casa de tristonhos corredores


onde o eco da voz me fazia sentir mais sozinho;

sem jogos de criança, no beiral, havia um ninho,

e, na frente da casa alada, jardins sem flores.


E aprendi brincar comigo mesmo, sem muitas dores,

falando a língua do silêncio na taça de vinho,

com olhos de fogo no escuro, chorando baixinho,

e o lampejo de morte nesse chão de horrores.


Não lembro do desespero febril das andorinhas

em trajetórias sem sentido, no céu sujo de cobre,

e meu pensamento camuflado de penas órfãs.


Não guardei lembranças de tantas mortes vizinhas

no miasma de ossos dentro do baú, sujo e pobre,

que herdo, mudo, no inventário de palavras anciãs.

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