quinta-feira, 14 de abril de 2016

6. DEPRESSÃO

Balança a rede no amarelo da febre, oscilante
órbita dos olhos.  Fome e chão, chinelas rasgadas
de amassar a relva em tantas veredas tropeçadas.
Conto os dias no vai e vem da escápula irritante.

Eu quero no resplendor da aurora a infeliz mutante
Que desfila passos de mortes em mim hospedadas,
os Maíras sussurando vozes de almas penadas.
E vai correndo abraçada no seu pote de sangue.

Tropeço na lua vermelha enquanto rescalda no chão
álveas carcaças. Tinir de esporas, fivelas de ouro
adornam o Corpo Santo manietado no gibão.

Assim espero o fim, pendurada a veste de couro
do inválido cavaleiro, ensanguentado na mão
o terçado que abrirá o caminho do sol vindouro.

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