Brotavam flores da terra crua do sertão,
no horizonte era tudo espinho, áspero e duro,
tardava o passo o croatá, espalhado pelo chão,
e de noite estrelas pontilhavam no céu escuro.
Eu ouvia a cigarra e a coã no pau seco
chamando a chuva que não tardava e caía.
Tudo ficava verde, o igapó se refazia,
o berro do bugio contente fazia eco.
O peixe na fogueira, a nuvem de fumaça,
meu pai na rede, não tinha medo de nada,
dormia ao lado do desespero e da ameaça.
Memória do infante que chora a mágoa triste
- com o rosto frio colado na vidraça -
da lembrança de um tempo que não mais existe.
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