Na noite que eu a vi uma coã cantava triste,
pros lados da serra encoberta por neblina,
e eu tive a certeza dura que o amor existe,
faísca de brasa na asa vulturina.
Na noite que eu a vi não havia mais lua.
Andava tateando pelos vãos do caminho.
Tal como o jaguar, farejando a carne crua,
perambula pela mata, esquivo e sozinho.
Melhor sorte o Criador da terra não me dera,
por avistar de relance os olhos da fera
que até hoje todas as noites me consome.
E não ter visto aquela visão eu quisera,
mesmo que ao preço de saciar sua fome,
melhor seria nem sequer saber seu nome.
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