Eu fui o poeta que se perdeu no rio torto,
onde um papagaio amarelo bebe água
e a onça parda come um bicho morto,
na serra da arara onde a ravina deságua.
Eu derramei meu canto de flores sem horto,
as minhas lágrimas irrigando tanta mágoa,
sendo elas a tampa do meu caixão sem tábua,
a sina crua de um velório sem o morto.
Vivi cegando para as cobras do sertão
que também se escondem no orvalho do capim.
Adiantei o passo coxo do meu cardão.
Ouvi o tinir do ferro em talhe de facão,
vi a espora ferindo de lado o meu rim
e rompi a cruz de espinhos do meu alazão.
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