domingo, 20 de agosto de 2023

114. SACRO SEGREDO

 Eu tenho um segredo de águas corredeiras

que brotam silenciosas das rochas da amazônia

e vagam insinuantes na floresta 

até formar os braços de caudalosos rios.


Eu tenho um sacro segredo de asas levíssimas

planando no mais alto da serra do Tiracambu

onde a névoa encobre os córregos 

que serpenteiam até o Pindaré e o Gurupi.


Uma pluma, uma gota, na palma da mão,

na íris cega, no ar sem pulmões, nas unhas

sem dedos, no hálito balsâmico de hortelã.


No cheiro das primeiras chuvas eu alimento

meu sonho pagão de altares barrocos

onde a sede é leve e o céu se dilui em estrelas .

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