domingo, 20 de agosto de 2023

111. DIÁRIO DE UM ÉBRIO NA CIDADE

Entre a guerra dos homens eu caminho trôpego

meus passos cortam as ruas de pedras ásperas

e vejo cães circulando entre carros e pessoas

depois vão dormir ao lado de mendigos sujos e famintos.


De um mirante torto, janelas abertas para o mar,

emergem ervas daninhas buscando os raios do sol.

Nos azulejos trincados das fachadas faíscam meus olhos

de homem semi-louco, expropriado de angústia.


No parapeito da orla respiro o cheiro de mangue

por sobre onde revoam guarás ensanguentados

encerrando as inquietações do dia morno.


E aqui me vou tateando o ar rarefeito dos becos

a cidade resvalando sob os pés, o lixo onipresente

e dúzias de urubus ornamentados os postes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário