segunda-feira, 6 de novembro de 2017

56. MENINO DO SERTÃO

Fui menino que flutuou na correnteza,

o cobertor de sol sobre a pele queimada,

branca pluma, e tinha o afago de brisa alada ,  

imóvel remanso na água da tristeza.


No verão era a vertigem do redemoinho,

tapete de folhas, frutos caídos ao chão,

 o círculo do sol vermelho do sertão,

garranchos e cipós de multiagudo espinho.


De noite, ouvia o touro negro no curral

e a acauã anunciar o mormaço repentino;

na rede, entrevia passarinhos no beiral.


Dia de vento, era o ruidoso estrondo de portas,

o zigue zague zunindo das folhas mortas 

e o guincho dos macacos dentro do cocal.

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