segunda-feira, 16 de outubro de 2017

55. ESTÁTICA DO SILÊNCIO

No meu coração

deveria brotar árvores

e repousar ninhos.

Somente a estática das pedras e do chão

fazem o musgo, crescem raízes, criam as nascentes.

A vida emerge sem pressa e sem clamor.

As presas sobrevivem da inércia,

e da invisibilidade.

É na dormência dos remansos que habita o peixe,

e no rumor da brisa que soçobra a folha.

Como demoram afundar as raízes, 

como esperam as estações as flores e os frutos...

Os rebentos se geram sonolentos no ventre da mães,

os embriões dos ovos exigem chocas sem pressa.

Dentro da minha casca vive o silêncio.

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