domingo, 23 de abril de 2017
28. SOLIDÃO DE MENINO
link
Sei que estou prestes a perder
o braço que me ergueu Sebastião.
Foi quem me acudiu em noites insones
e me impôs o rumo
no mar revolto e na floresta escura.
A cada dia ele apaga uma luz
de seu corredor de ventania
e nos seus olhos vejo correr
um menino de sal,
entre besouros do jardim.
Depois que eu recebi a flecha das suas mãos,
aprendi a tecer feridas rosas,
ouvindo bugios enlouquecidos.
E me fiz homem sob os seus olhos
de fera vigilante,
dono da palavra emudecida, do gesto frio.
Ninguém mais foi capaz.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário