No tropel invisível das mulas cardãs,
fruto doce, grito opaco, oco do sertão,
os cestos açoitados pelo olho do cão,
uma fala rouca na boca da manhã;
Não vi o tempo passar, bolando pelo chão,
o rifle apontado, coronha na espera vã
do queixal, sem pio de pássaro da hora sã,
o dedo seco, rogando o sinal da mão.
Um cheiro de besouro no ar purificado,
enquanto se contava as horas, esqueci
no leito do rio o silêncio santificado.
No torpor do sol onde canta o bem-te-vi,
desabei o corpo sujo no chão ressecado,
chorei mariposas, a morte não temi.
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