Havia certa glória na chuva, tristeza de beiral,
um sopro frio nos corredores da casa assombrada,
o silêncio de bois pastando longe, no cocal,
e o império dos mosquitos anunciando a invernada.
Aves singravam os ares para um destinol final,
tínhamos tempo, a estação da semente purificada
abria-se em flor no húmus fecundo da terra molhada,
e roupas não secavam mais, penduradas no varal.
Então esperávamos as chuvas de coração aberto,
contemplando a neblina esmaecida no horizonte incerto,
de mãos dadas com o frio que durante a noite viria.
Era tempo de ouvir o pio da coruja no telhado,
e as inhambus-chororó escondidas no capim molhado,
madrugada a dentro, até que despontasse um novo dia.
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