terça-feira, 30 de julho de 2019

82. CANGACEIRO

Quando eu nasci o mundo ouviu um grande estalo,
um vento xucro soprou no meu nascimento,
a terra gemeu e fez rachar o cimento,
e ressoou bem distante um canto de galo.

Alegre o meu povo cantava uma ciranda,
Pato, peru e capote eram a comida,
Pitu, catuaba e jurubeba eram bebida,
o forró torando e o mundo rachando em banda.

Quando eu cheguei, sei, muitos torciam a boca,
eu sorria no colo de uma velha louca
com a minha boca cheia de mingau quente.

Por certo eles me sabiam lugar-tenente,
então vindo ao mundo para assombrar gente,
meu pirão primeiro, se a farinha é pouca.

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