sexta-feira, 12 de julho de 2019

81. DE REPENTE A MORTE

(em memória de Zé Enedina, liderança rural de Araioses, assassinada em 19 de julho de 2014)

Ninguém se importa quando morre mais um Zé, 
ainda mais o Zé que vigia o carnaubal,
envelhecido no cerrado, andando a pé,
onde foi morto de faca como um animal.

Ninguém pôde ouvir os gritos daquele Zé,
a não ser o rio, com suas águas de cristal.
E morto ficou, estendido, na sua fé,
o Enedina, à sombra da palmeira letal.

Mal sabia o algoz que matando desse jeito,
como testemunha das facadas no peito,
a floresta amaldiçoaria o assassino.

E para cada curva do rio Santa Rosa 
há uma lembrança destemida e poderosa
desse guardião que morreu como um peregrino.




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