limpos, bem vestidos, ao redor de comidas e bebidas finas.
Ninguém faz poema satisfeito consigo mesmo, cheio de plenitude.
Os poemas não vêm do céu, como querem os crédulos. Não existem musas, o poema não nasce de uma inspiração da alma.
Não se faz poemas para acalentar, para adoçar os dias, para aliviar as dores. O poema não serve para nada, é inútil, por isso sobrevive.
O poema está nas valas, nos lixões, ao lado de ratos e urubus.
Cada palavra do poema representa uma lesão, um espinho, uma navalha.
Lavrar o poema é duro, áspero, como lavrar a terra. No chão das flores residem os vermes e a decomposição.
Poetas lapidam versos com as mãos sujas.
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