quarta-feira, 10 de julho de 2019

79. FIM DE LINHA

A primeira vez que percebi a diferença 
foi duro para mim, os olhos resvalando
por sobre a mesa de pau d'arco, a dor imensa
no paladar, a tua saliva me amargando.

Um rato soturno roía algo na dispensa,
dava para ouvir, tal o silêncio cortando
nossa vida em comum, embora a crença
na cura ainda houvesse, o amor desmoronando.

Não quero mais nada, senhora do meu pranto,
porque tudo na vida um dia perde o encanto,
era tudo o que eu sabia, mas duvidava.

Primeira vez que percebi que algo faltava,
era um dia de sol, um pardal cantarolava,
e eu abafei o choro que nunca houve, no entanto.

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