sábado, 12 de janeiro de 2019

74. LEMBRANÇA

Brotavam flores da terra crua do sertão,
no horizonte era  tudo espinho, áspero e duro,
tardava o passo o croatá, espalhado pelo chão,
e de noite estrelas pontilhavam no céu escuro.

Eu ouvia a cigarra e a coan no pau seco
chamando a chuva que não tardava e caía,
tudo ficava verde, o igapó se refazia,
o berro do bugio contente fazia eco.

O peixe na fogueira, a nuvem de fumaça,
meu pai na rede, não tinha medo de nada,
dormia ao lado de uma espingarda de caça.

Memória do infante que sempre chora triste
com o rosto frio colado na vidraça
a lembrança de um tempo que não mais existe.



Nenhum comentário:

Postar um comentário