quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

77. PRESA

Na noite que eu a vi uma coan cantava triste,
pros lados da serra encoberta por neblina,
e eu tive a certeza dura que o amor existe,
faísca de brasa na asa vulturina.

Na noite que eu a vi não havia mais lua.
Andava tateando pelos vãos do caminho,
tal como o jaguar, farejando a carne crua,
perambula pela mata, esquivo e sozinho. 

Melhor sorte o Criador da Terra não me dera,
por avistar de relance os olhos da fera
que até hoje todas as noites me consome.

E não ter visto aquela visão eu quisera,
mesmo que ao preço de saciar sua fome,
melhor seria nem sequer saber seu nome.


Nenhum comentário:

Postar um comentário