quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

XANGÔ

Esse vento que sopra dos meridianos

e faz gemer o ferrolho das janelas,

tangendo no céu o tapete das estrelas,

traz folhas vivas dos cemitérios acadianos


para dentro das casas como revoadas

de meninos. Essa claridade das frestas

que resplandece em azulejos de funestas

ruas (onde faiscam nas altas fachadas


partículas de sol e augúrios de sereias)

é como um grito que atravessa a baía

para ecoar nos Lençóis de alvas areias.


Esse urro de touro/jaguar na chuva fria

é meu entardecer de pássaros sem cadeias,

é meu vodum de prata na lua que me guia.



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