Seria preciso outra vida para contar as lembranças.
Refazer caminho não é uma tarefa fácil, tem espinhos.
É como ouvir ao longe o latido de cães perdidos,
o cântico melancólico dos galos da madrugada.
Nenhum acalanto vence o frio das UTI's,
com seus humores sombrios escondidos
em cada sala coberta de névoa onde ecoam sons de violino.
E quando dispara o alerta do oxímetro
e na janela estaciona um lua ovalada e brilhante,
os anjos começam a cantar como pássaros em delírio.
Ditos e não ditos no limiar da vida,
quando o pulmão se recusa a testemunhar
a passagem dos peixes na piracema e o tropel dos cavalos da madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário