Melancólica chuva de inverno, perto do Natal.
A ceia não será mais a mesma, porque um lugar estará vazio.
Nós conversaremos amenidades, sem a coragem necessária para sorrisos largos.
Dezembro tem chuva. A de hoje começou noite passada.
Refrigerou o chão abrasivo do verão, molhando as sementes dos ipês, das aroeiras e de um sem-número de árvores nativas resilientes.
Eu me imaginei criança no sertão, de mãos dadas com ele, perambulando pelas margens dos rios cheios, contemplando as correntezas repletas de vegetação arrancadas das margens pela força das águas.
Antes, me vi carregado nos braços dele, saindo das canoas, infestadas de insetos dos campos da baixada.
E de repente fui transportado no pensamento para o dia da partida, eu e ele sozinhos à espera da viatura funerária.
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