sexta-feira, 20 de setembro de 2019

85. ÊXTASE


Mesmo que a realidade assuma forma razoável,

simulando o absurdo no seu hálito de morte,

eu me tenho vivo, porém de abraço inefável,

sem que nunca tenha me preocupado com a sorte.


Mesmo que eu, só comigo, me sinta um ser deplorável,

na minha loucura, eu me sinto estranho, porém forte,

desafiando a razão e o destino inexorável,

de morrer hemorrágico, mas sem o mínimo corte.


Quero andar pelas ruas desse extermínio provável,

onde putas me chamem pelo nome miserável,

que do engenho herdei na minha diáspora consorte.



Se desposei, descasei ou reneguei, nada há que importe,

senão a vida, os passos guiados pela estrela do norte,

e na ânsia profunda a sede de justiça implacável.

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