segunda-feira, 2 de setembro de 2019

84. MENINO DO INTERIOR

Quem um dia não deitou no chão afinal
para contar nuvens e as estrelas cadentes,
o disco da lua na láctea via transcendente, 
um cheiro de castanha assada no quintal?

Quem nunca viu o pau d'arco florir no verão,
o oco dos troncos cheios de favos de mel, 
juçareiras brotando alto, quase no céu,
e grandes buritizais em cachos no grotão?

Quem, menino, do lobisomem nunca ouviu
estórias, mas que, mesmo nunca, ninguém viu,
e acordou com medo dos latidos na rua?

Quem um dia não voltou para casa correndo,
o peito arfando, de susto quase morrendo,
quando ouviu espantado o choro da mãe da lua?

Nenhum comentário:

Postar um comentário