quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

62. TEM JAGUAR POR PERTO

Não assusta a pegada de um jaguar faminto,

que atravessou a aldeia ofuscado pela madrugada,

nem o marcado pio do pássaro noturno.


Homens sussurram das redes bem trançadas,

sorriem dos cães que tremem de medo,

buscando a olfativa presença no farol dos olhos.


De manhã as crianças vão para o rio,

e nadam sob os olhos ocultos da sucuri,

trazem frutos, empunham armas, riem...


Altíssimas e retilíneas árvores gemem,

na beira do córrego de águas transparentes.

Um tucano observa os passantes

com o bico ensimesmado.


O jaguar urrou de novo, mas ninguém liga.

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