domingo, 15 de outubro de 2017

53. CARRASCO

Cada sol vermelho ardendo no céu,

árvores tortas, calor  vespertino.

Brandindo o chocalho, a tarde desce o véu,

e, triste, o mugido oco, o grito do menino.


Vão-se os pássaros sem destino, 

sobre mourões farpados, favos de mel,

queima o fogo no olho da cascavel

e ruge a fornalha no sol a pino.


Um fartume de cinza queima o rosto,

o zunir de cigarras sem recosto

que pousam na sombra do piquizeiro.

 
O suor derrama no chão a contragosto

e o aço das mãos queima no formigueiro

a sina furiosa do boi vasqueiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário