Esperei a chuva de mãos dadas com o nada.
E ela veio, seminua, arrastando troncos
lodosos das margens dos rios. Seus roncos
ouviram-se no desvão oco da madrugada.
Enquanto minha mãe cobria os espelhos
e duas brasas rubras nos olhos do gato
eram o lampadário da casa no mato,
meus ouvidos buscavam o jaguar vermelho.
Meu sonho perdeu-se no estranho céu chumboso,
brisa soprando nas redes avarandadas,
enquanto eu esperava o monstro silencioso
vir ao meu encontro, de pupilas dilatadas,
menino do sertão, de pranto corajoso,
abafando o choro de tantas madrugadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário