limpos, bem vestidos, ao redor de comidas e bebidas finas.
Ninguém faz poema satisfeito consigo mesmo, cheio de plenitude.
Os poemas não vêm do céu, como querem os crédulos.
Não existem musas, o poema não nasce de uma inspiração da alma.
Poetas são como mendigos de rua, maltrapilhos e famintos da palavra. Seus amigos são os cães e gatos abandonados das praças e seus quitutes estão no lixo dos mercados.
Não se faz poemas para acalentar, para adoçar os dias, para aliviar as dores. O poema é a dor.
Não se faz poemas para acalentar, para adoçar os dias, para aliviar as dores. O poema é a dor.
O poema não serve para nada, é inútil, por isso sobrevive, como artefato antissistêmico.
O poema está nas valas, nos lixões, ao lado de ratos e urubus.
O poema está nas valas, nos lixões, ao lado de ratos e urubus.
Ele clama nas favelas, nos conflitos e nas catástrofes.
Cada palavra do poema representa uma lesão, um espinho, uma navalha.
Lavrar o poema é duro, áspero, como lavrar a terra.
Cada palavra do poema representa uma lesão, um espinho, uma navalha.
Lavrar o poema é duro, áspero, como lavrar a terra.
No chão das flores estão os vermes e a decomposição.
Poetas lapidam versos com as mãos e unhas sujas.
Poetas lapidam versos com as mãos e unhas sujas.
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