domingo, 4 de agosto de 2024

128. MARCADO PELA DOR

 Entre tantas, a dor do vazio sem fundo,

a dor dos ninhos abandonados nos beirais,

a dor espalhada nas estradas sombrias,

uma tatuagem no corpo.


E, por não me bastar o silêncio,

a dor vem acompanhada de memória,

vespas roendo o cérebro latejante,

como se o cérebro fosse uma manga madura.


Todos celembram o sol vermelho do sertão,

ele anuncia a florada na mata, a festa dos papagaios,

as extensas e infinitas revoadas no poente.


Eu quero celebrar a vida roubada

- dos homens e dos bichos - , 

a febre, o vômito e o espasmo, 

mas também o voo triste dos guarás

 por sobre a baía de São Marcos.









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