Entre tantas, a dor do vazio sem fundo,
a dor dos ninhos abandonados nos beirais,
a dor espalhada nas estradas sombrias,
uma tatuagem no corpo.
E, por não me bastar o silêncio,
a dor vem acompanhada de memória,
vespas roendo o cérebro latejante,
como se o cérebro fosse uma manga madura.
Todos celembram o sol vermelho do sertão,
ele anuncia a florada na mata, a festa dos papagaios,
as extensas e infinitas revoadas no poente.
Eu quero celebrar a vida roubada
- dos homens e dos bichos - ,
a febre, o vômito e o espasmo,
mas também o voo triste dos guarás
por sobre a baía de São Marcos.
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