quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Deus presente

 




Aqui, onde o mundo se perde,

a saudade é como chuva fina,

perene de solidão e medo,

como lamparina em noite escura.


Aqui, onde me perco na penumbra

meus olhos iluminam a treva

e meu corpo triste é poeira ou névoa

na estradas do sertão.






domingo, 4 de agosto de 2024

128. MARCADO PELA DOR

 Entre tantas, a dor do vazio sem fundo,

a dor dos ninhos abandonados nos beirais,

a dor espalhada nas estradas sombrias,

uma tatuagem no corpo.


E, por não me bastar o silêncio,

a dor vem acompanhada de memória,

vespas roendo o cérebro latejante,

como se o cérebro fosse uma manga madura.


Todos celembram o sol vermelho do sertão,

ele anuncia a florada na mata, a festa dos papagaios,

as extensas e infinitas revoadas no poente.


Eu quero celebrar a vida roubada

- dos homens e dos bichos - , 

a febre, o vômito e o espasmo, 

mas também o voo triste dos guarás

 por sobre a baía de São Marcos.