domingo, 10 de março de 2024

122. ALTAR DOS PEREGRINOS

 Cada hora insone tem seu dia de chuva.

Cada torre tem seu dobrar de sino, 

e cada alegria triste tem sua falta.


É bom andar nas ruas sem destino, o sol a contrapelo,

imune ao tempo de chumbo que derrete nas mãos.

Mãe, madre, pia, como dói a lembrança

da infância sem cura, do lugar vazio na mesa.


Foram tantos os silêncios e ranger de portões,

as janelas grandes abertas em par sobre os quintais,

como se as ventanias de agosto curassem todos os miasmas,

e as águas de janeiro lavassem todas as lágrimas.


Eu que ouvi todas as rezas no altar do Santo,

a vela oscilando no balbucio de piedosas senhoras,

sempre soube que o amor vence o tempo

 e ilumina a imensidão dos campos.

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