quinta-feira, 28 de março de 2024

124. AMARGO TEMPO

 O tempo se mede pelas ausências.

Lugares vazios na mesa, cadeiras sem balanço, 

redes sem ragidos de escápulas.

A humana lida é composta de saudades em fio,

muros em ruínas, casarões abandonados.

Cada falta vai se acomodando como as ervas nas frestas do piso,

a dor cansa e anestesia, até ao ponto de esvair-se da memória.

Como pedir que permaneça, se um grande amor aguarda 

na outra margem do rio,

ansioso por festejar a dois a paixão da eterna juventude?

E a cada hora nos unimos e nos despedaçamos

feitos que somos de tempo e de solidão, 

de chuvas e ventanias que sacodem as janelas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário