domingo, 10 de dezembro de 2023

119. DEZEMBRO

 Os caminhos percorrem em mim seus atalhos

de manhãs quentes, com quase nada de sombra.

E lá entrevejo o facho do fogo que assombra 

mais do que o veneno da cobra de chocalho.


Aquelas tardes de revoadas no horizonte, 

alvas redes nas varandas, os cavalos 

bufando nas coxias. Longe, o canto dos galos,

várias mulheres lavando roupa na fonte.


E o melacólico tresmalhar dos carneiros

ao cair da tarde nos campos baixadeiros

ressequidos, onde porcos magros fuçam.


Ouvindo o grasnar dos capotes, os cães aguçam

os ouvidos, rolinhas fogo-pagou soluçam,

nuvens se formam, antecipando o aguaceiro.

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