domingo, 5 de novembro de 2023

117. O 5 DE NOVEMBRO - DOIS ANOS APÓS

Dia após dia, dois anos se passaram,
e o tempo não foi suficiente para a cura.
Um látego de fogo me corta a carne
a cada choro de menino no quarto escuro,
a cada memória da passagem, a locomotiva do adeus.
Tua voz ainda ecoa na triste mansão dos mortos
e eu me diluo no clarão das velas
desde um pranto rumoroso como o dobrar dos sinos.
E não há prece possível, pensamentos que acalmem
os pássaros peregrinos do horizonte febril,
a ventania das candeias, o cheiro do quintais
e a dor difusa da saudade impregnada nas paredes da casa.

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