terça-feira, 12 de junho de 2018

71. NOTURNO

À noite vejo como luz brilhando
aquela sombra no meu quarto escuro,
em minha direção teus pés flutuando
e ainda temo por mim, coração impuro.

Porque é noite, adormeço nos teus braços
calor envolvente, teu corpo nu,
vindo na pluma de longínquos passos
e exalando o cheiro de mato cru.

Tremo com a chegada silenciosa
e, a cada raiar do dia, é mais uma espera,
vigília permanente, amor sem fim

até que o sono me roube a imperiosa
consciência como outrora jamais soubera
ser tua áurea branca vindo para mim.


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