Teria que ser assim: uma viagem sem destino,
o mar convergindo no azul do horizonte,
gaivotas seguindo em revoada a barca da emoção.
Teria que ser um dia especial!
um caminho de pedras em ruas estreitas,
a praia ao fundo de quintais sombreados
e o sol faiscando na fachada dos casebres.
À noite, com as mãos entrelaçadas,
ouvimos o ronco do mar na baía,
as estrelas pontilhando no horizonte fosco.
quarta-feira, 13 de junho de 2018
terça-feira, 12 de junho de 2018
71. NOTURNO
À noite vejo como luz brilhando
aquela sombra no meu quarto escuro,
em minha direção teus pés flutuando
e ainda temo por mim, coração impuro.
Porque é noite, adormeço nos teus braços
calor envolvente, teu corpo nu,
vindo na pluma de longínquos passos
e exalando o cheiro de mato cru.
Tremo com a chegada silenciosa
e, a cada raiar do dia, é mais uma espera,
vigília permanente, amor sem fim
até que o sono me roube a imperiosa
consciência como outrora jamais soubera
ser tua áurea branca vindo para mim.
70. ALCÂNTARA
Tive sonhos que me guiaram dentro da noite,
loucos ginetes assustados com o puma;
Na calçada fria deitei na pedra do açoite,
contemplando as estrelas, como um mar de espuma.
Os dias foram duros, uma lenta agonia,
mas havia o disco do sol preso na garganta,
vespas rondando uma dolorosa alegria,
e um navio encantado na Semana Santa.
Ouvia-se a onda na rocha do Itacolomi
bramindo a fúria do sal no cair da tarde
e nós, com os pés feridos no sambaqui,
com o rei da bandeira em grande euforia
(o murmúrio espectral do mar sem alarde),
víamos a barca fantasma na ventania.
bramindo a fúria do sal no cair da tarde
e nós, com os pés feridos no sambaqui,
com o rei da bandeira em grande euforia
(o murmúrio espectral do mar sem alarde),
víamos a barca fantasma na ventania.
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