quinta-feira, 12 de abril de 2018

69. AURORA SOLITÁRIA


Estou bem, o silêncio é meu guia.

Lá fora, cantam pássaros

e o sol rompe nas frestas da janela.

A paisagem está cheia de vapor,

gotículas em suspensão invadem a casa,


Não penso mais na grande implosão,

joguei fora os cacos e os entulhos que restaram,

musgo e ervas daninhas cresceram sobre mim,

e vou me erguendo em busca da claridade.


Não faço mais cálculos para o futuro;

meu tempo é sólido e permanente,

como raízes fundas de um velho ipê.


Minha voz ecoa no corredor frio de um casarão abandonado

e vou andando e tateando em busca de luminosidade,

guiado pelo canto de bem-te-vis que fazem seus ninhos

no mirante auspicioso de frente para o mar.


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