Minhas manhãs anoitecem no rio
onde Iaras resplandecem as escamas
e o tucano alonga o bico em chamas,
resvalando o olho no meu desvario.
Minha riqueza é o inventário do sol
e milhões de partículas flutuando,
um trono de pedra, pássaro voando,
e o entardecer crucificado no anzol.
A liberdade vai além da lua morta,
onde o pensamento voa como uma harpia.
É simples, perigoso e ninguém se importa
com esse clarão na casa vazia,
o coaxar de sapos na mente absorta
e o silêncio de ferro que a água urdia.
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