segunda-feira, 5 de junho de 2023

109. DOIS ANOS DA PASSAGEM


Um ano já se passou, um frio do sertão.

Tudo passa, à revelia da vontade e sorte;

efêmera é a vida, e para sempre é a morte,

pano branco e pranto derramado ao chão.


Dois anos passaram,  a fivela e o arpão,

ferida rubra aberta no profundo corte,

lâmina dos ginetes, punhal contraforte,

nas águas salobras que me escorrem da mão.


Ainda ouço o grito empalmado na garganta

e o revoar  de asas sobre a casa sem jardim,

uma ladainha triste e lágrima aos pés da Santa.


E tantas lembranças que revivem o fim

inconcluso - o que me dói tanto que espanta -,

são pedras, memórias, campinas de cetim.

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