quinta-feira, 25 de março de 2021

93. PANDEMIA

 Que tempo estranho esse que tudo chora,

que homens andam nus no agouro da gralha?

Que chuva de sal é essa, que se espalha

no torso oco da luz do lado de fora?


Quem me chama no escuro do portão?

 - Um cheiro de flor anunciando o fim -,

cidreiras espalhadas no jardim

e o cheiro da peste orvalhando o chão.


Que tempo estranho, a ventania soprando

de baixo pra cima, pessoas morrendo,

muitos sóis engasgados no oceano...


 As pessoas vagando sem destino certo

 nas ladeiras, o cemitério aberto,

e alguém, enlouquecido, toca um piano...




Nenhum comentário:

Postar um comentário