quinta-feira, 12 de abril de 2018
69. AURORA SOLITÁRIA
Estou bem, o silêncio é meu guia.
Lá fora, cantam pássaros
e o sol rompe nas frestas da janela.
A paisagem está cheia de vapor,
gotículas em suspensão invadem a casa,
Não penso mais na grande implosão,
joguei fora os cacos e os entulhos que restaram,
musgo e ervas daninhas cresceram sobre mim,
e vou me erguendo em busca da claridade.
Não faço mais cálculos para o futuro;
meu tempo é sólido e permanente,
como raízes fundas de um velho ipê.
Minha voz ecoa no corredor frio de um casarão abandonado
e vou andando e tateando em busca de luminosidade,
guiado pelo canto de bem-te-vis que fazem seus ninhos
no mirante auspicioso de frente para o mar.
quarta-feira, 11 de abril de 2018
68. PRECE DO ENTARDECER
Cada dia que passa eu me sinto mais terra.
E sombra, e pássaro e água do córrego.
Meu corpo não sente mais feridas,
nem o ladrar do cão que me dilacera.
Eu reuni forças para longas caminhadas,
renovei meus pulmões com o hálito das árvores
e não ouço mais o clangor das buzinas e motores.
Cada dia que passa eu dependo menos do amor
de humanos que habitam o cimento e o aço.
Meu rosto sorve a brisa de fora na janela
e meus braços estão abertos para o nascente,
onde nuvens incandescentes convidam a sonhar.
E sombra, e pássaro e água do córrego.
Meu corpo não sente mais feridas,
nem o ladrar do cão que me dilacera.
Eu reuni forças para longas caminhadas,
renovei meus pulmões com o hálito das árvores
e não ouço mais o clangor das buzinas e motores.
Cada dia que passa eu dependo menos do amor
de humanos que habitam o cimento e o aço.
Meu rosto sorve a brisa de fora na janela
e meus braços estão abertos para o nascente,
onde nuvens incandescentes convidam a sonhar.
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