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A canção alada que brota em cada rosa
dos ipês ferindo o entardecer de sóis
me faz tinir na pedra a estiagem de rio sem foz
e corta o silêncio que afunda na angústia dolorosa
da espera vã onde o peixe engana a fome dos anzóis.
O canto da acauã entristece as tardes chuvosas
reboando longe a batida trilha do cão feroz,
por onde ilumino a fúria das águas invernosas.
É onde eu bebo em alarido mudo o fogo do alaúde
que toca esperanças virgens nas copas amputadas.
E montado no cavalo da senil juventude,
relembro onde me alcança a distância de um tiro
que estilhaço a voz contra o mormaço do chão
e ainda levanto o canto preso na palma da mão.